Caros amigos:
Já comecei o ano piscatório. Foi no passado dia 13 de Janeiro que, com o grande companheiro Lino e o grande Mestre Francisco Morgado Mendes, me desloquei à albufeira do Alvito para dar início às lides piscatórias de 2007.
O dia estava, de facto, bonito: começou frio (+/- 3ºC) e acabou quente (19ºC às 16h), sem vento relevante e com céu muito pouco nublado. A água não deveria ultrapassar os 12ºC - o primeiro sinal de problemas na detecção dos bichos - e estava algo turva na cabeceira da barragem e muito transparente junto ao paredão.
A "faina" começou junto a Oriola, na parte superior da albufeira, no braço da ribeira de Odivelas que irá receber o túnel de ligação Loureiro/Alvito, onde foi "batida" a antiga estrada e as estruturas a esta associadas, principalmente madeira. O Mestre e eu usámos equipamentos semelhantes: canas de casting 6'6" MH (Team Daiwa do Mestre e Bionic Blade a minha), carreto a condizer (Abu Garcia Ambassadeur do Mestre e Browning Syntec meu), jig de 3/4 oz (castanho do Mestre e watermelon meu) e atrelado (porco Uncle Josh's purple do Mestre e watermelon craw trailer Berkley meu). O campanheiro Lino usou uma cana de spinning Mori Vanguard ML, carreto Grabenstein Sonar 2000 e um Baby Brush Hog (Zoom) watermelon seed (texas, 1/8 oz, anzol 1/0 wide gap). Os resultados nesta primeira tentativa foram 0: nem um toque, nem um peixe, nem nada...parecia que se estava a pesar no lago do Campo Grande (com a excepção de que não se viam os peixes nem os patos, nem pessoal na marmelada).
Após este primeiro "embate" o Mestre (que pescava no Alvito quanto Jesus Cristo ainda andava no mundo) sugeriu a deslocação da expedição para a zona do paredão, de modo a aproveitar as diferenças de cota (os peixes ainda não estavam encostados nem a meio caminho) entre zonas menos e mais profundas. Nesta zona da barragem notava-se claramente a ausência do efeito de transporte de sedimentos que ainda ocorre na metade Norte, com a água a presentar uma transparência elevadíssima, podendo dizer que se deveria aproximar dos 4,5/5m de visiblidade (em contraste com os cerca de 40 cm de Oriola).
Uma vez mais foi utilizdo o mesmo material e as mesmas técnicas, procurando correr água a baixa velocidade e aproveitar as mudanças bruscas de profundidade e as "pedras saltonas" isoladas nos declives. Os resultados foram os mesmos: nem toques, nem vê-los.
Conclusão: ainda não era altura. A barragem está relativamente pouco cheia (podem confirmar no site do Inag http://snirh.pt/) em relação a outras barragens da mesma Bacia Hidrográfica mas apresenta uma série de características interessantes que pode valer a pena investigar quando a temperatura aumente um pouco mais: muitas esruturas visíveis, boa cor de água e alguma vegetação subaquática que não morreu no pico do Inverno. Definitivamente é de voltar.
Outra coisa: é ABSOLUTAMENTE indispensável ir ao Alvito e atacar forte e feio na feijoada de um certo restaurantezinho na praça...foi o que salvou o dia...isso e duas garrafas de Couteiro-Mor...
Blog dedicado ao banho da minhoca, essa actividade tão praticada por quem gosta de pescar
Wednesday, January 24, 2007
Monday, January 8, 2007
Carretos
No seguimento do post anterior, vou passar as minhas considerações sobre outro elemento fundamental da pesca ao achigã: o carreto.
De uma forma simples, os carretos para a pesca ao achigã podem ser de três tipos: spinning ou de bobine fixa (para usar com canas de spinning), casting ou de bobine rotativa (para usar com canas de casting) ou spincast ou carretos fechados (para usar com ambos os tipos de cana).
Os carretos de spinning ou de bobine fixa são o tipo de carreto mais utilizado pelos pescadores portugueses, em que a bobine que armazena o fio é fixa e é paralela à cana, ficando o carreto sob a mesma. O mecanismo de recolha de fio envolve um pickup que roda em volta da bobine em movimentos oscilantes (para uniformizar a recolha). Os carretos de spinning, na pesca do achigã, utilizam-se habitualmente para lançar iscos leves e linhas cm diâmetro inferior a 0,25 mm, sendo leves e bastante fáceis de utilizar e, nalguns casos de marcas de excelência, duram mais do que uma vida, desde que com uma manutenção cuidada e a eventua substituição da mola da asa do cesto. O principal problema com este tipo de carretos prende-se com a torção do fio provocada pelo seu funcionamento, que se pode traduzir em nós na linha (a linha enrola sobre si mesma, formando nós quase impossíveis de desatar, mesmo com muuuuita paciência) e ainda na entrada de linha para baixo da bobine (o braço oscilante do carreto e a bobine estão montados sobre um eixo/espigão. Quando entra linha pelo intervalo entre a bobine e o braço oscilante, o movimento de recolha de fio vai obrigar essa linha a enrolar-se à volta desse mesmo eixo, o que não é nada agradável - num próximo post irei abordar toda a parafrenália de palavões que se podem utilizar quando situações como estas ocorrem em plena acção de pesca - não percam!). Tem sistema de travão (drag) dianteiro ou traseiro.
Os carretos de casting ou de bobine rotativa são carretos em que a bobine é perpendicular à cana, situando-se sobre a cana (também se podem chamar overhead reel). Neste caso, a recolha de fio é directa, sendo a uniformização da recolha feita através de uma guia montada num parafuso sem fim. Estes carretos são mais indicados que os de spinning para iscos mais pesados, possibilitando uma maior precisão de lançamento. Uma vez que a bobine é rotativa, este tipo de carretos tem o problema da chamada cabeleira: quando se faz um lançamento com um destes carretos, o peso do isco faz com que a linha saia da bobine e esta, por inércia, rode. Ora quando o isco é lançado vai com uma determinada velocidade que continua mais ou menos constante até entrar na água, onde é dramaticamente reduzida. O problema é que ninguém avisou a bobine que o isco chegou à água e travou, portanto ela continua com a mesma velocidade e força a linha a sair pela guia. E aqui temos um problema igual à hora de ponta na ponte (sssstupido, muito ssstupido): muita linha e pouco espaço resulta em engarrafamento. Daí que estes carretos tenham pelo menos duas formas redundantes decontrolo de lançamento: o travão da bobine e um travão magnético que devem ser re-ajustados de cada vez que se utiliza um isco diferente. Para além destes travões, tem um drag em estrela.

Os carretos spincast foram criados pela ZEBCO em 1949, visando principalmente a resolução dos problemas dos carretos de spinning e de casting que são, respectivamente, a torção de linha e as cabeleiras . Estes carretos podem ser adaptados aos dois tipos de cana referidos (sendo os adaptáveis a canas de spinning chamados underspin) consistindo essencialmente numa bobine fixa (como os carretos de spinning), um ou dois pickups simples e um recipiente de metal com a função de recolher a linha na bobine. Normalmente são pouco utilizados na Europa, sendo provavelmente, o carreto mais utilizado nos EUA por principiantes na pesca pela sua simplicidade e facilidade de operação. No entanto, armazenam menos linha do que os tipos acima indicados e, em resultado da fricção do "cone" de recolha com a linha, a distância de lançamento é menor que no caso dos carretos de spinning.
E depois disto, hein? O que é que vou usar, ò Mendes, perguntam voçês... Bom, eu começaria por um conjuntinho de spinning e explico porquê:
De uma forma simples, os carretos para a pesca ao achigã podem ser de três tipos: spinning ou de bobine fixa (para usar com canas de spinning), casting ou de bobine rotativa (para usar com canas de casting) ou spincast ou carretos fechados (para usar com ambos os tipos de cana).
Os carretos de spinning ou de bobine fixa são o tipo de carreto mais utilizado pelos pescadores portugueses, em que a bobine que armazena o fio é fixa e é paralela à cana, ficando o carreto sob a mesma. O mecanismo de recolha de fio envolve um pickup que roda em volta da bobine em movimentos oscilantes (para uniformizar a recolha). Os carretos de spinning, na pesca do achigã, utilizam-se habitualmente para lançar iscos leves e linhas cm diâmetro inferior a 0,25 mm, sendo leves e bastante fáceis de utilizar e, nalguns casos de marcas de excelência, duram mais do que uma vida, desde que com uma manutenção cuidada e a eventua substituição da mola da asa do cesto. O principal problema com este tipo de carretos prende-se com a torção do fio provocada pelo seu funcionamento, que se pode traduzir em nós na linha (a linha enrola sobre si mesma, formando nós quase impossíveis de desatar, mesmo com muuuuita paciência) e ainda na entrada de linha para baixo da bobine (o braço oscilante do carreto e a bobine estão montados sobre um eixo/espigão. Quando entra linha pelo intervalo entre a bobine e o braço oscilante, o movimento de recolha de fio vai obrigar essa linha a enrolar-se à volta desse mesmo eixo, o que não é nada agradável - num próximo post irei abordar toda a parafrenália de palavões que se podem utilizar quando situações como estas ocorrem em plena acção de pesca - não percam!). Tem sistema de travão (drag) dianteiro ou traseiro.
Os carretos de casting ou de bobine rotativa são carretos em que a bobine é perpendicular à cana, situando-se sobre a cana (também se podem chamar overhead reel). Neste caso, a recolha de fio é directa, sendo a uniformização da recolha feita através de uma guia montada num parafuso sem fim. Estes carretos são mais indicados que os de spinning para iscos mais pesados, possibilitando uma maior precisão de lançamento. Uma vez que a bobine é rotativa, este tipo de carretos tem o problema da chamada cabeleira: quando se faz um lançamento com um destes carretos, o peso do isco faz com que a linha saia da bobine e esta, por inércia, rode. Ora quando o isco é lançado vai com uma determinada velocidade que continua mais ou menos constante até entrar na água, onde é dramaticamente reduzida. O problema é que ninguém avisou a bobine que o isco chegou à água e travou, portanto ela continua com a mesma velocidade e força a linha a sair pela guia. E aqui temos um problema igual à hora de ponta na ponte (sssstupido, muito ssstupido): muita linha e pouco espaço resulta em engarrafamento. Daí que estes carretos tenham pelo menos duas formas redundantes decontrolo de lançamento: o travão da bobine e um travão magnético que devem ser re-ajustados de cada vez que se utiliza um isco diferente. Para além destes travões, tem um drag em estrela.
Os carretos spincast foram criados pela ZEBCO em 1949, visando principalmente a resolução dos problemas dos carretos de spinning e de casting que são, respectivamente, a torção de linha e as cabeleiras . Estes carretos podem ser adaptados aos dois tipos de cana referidos (sendo os adaptáveis a canas de spinning chamados underspin) consistindo essencialmente numa bobine fixa (como os carretos de spinning), um ou dois pickups simples e um recipiente de metal com a função de recolher a linha na bobine. Normalmente são pouco utilizados na Europa, sendo provavelmente, o carreto mais utilizado nos EUA por principiantes na pesca pela sua simplicidade e facilidade de operação. No entanto, armazenam menos linha do que os tipos acima indicados e, em resultado da fricção do "cone" de recolha com a linha, a distância de lançamento é menor que no caso dos carretos de spinning.
E depois disto, hein? O que é que vou usar, ò Mendes, perguntam voçês... Bom, eu começaria por um conjuntinho de spinning e explico porquê:
- Facilidade de aquisição: o que não falta aí são canas de 1,80m com boa acção e potência e carretos de spinning, o que evita a encomenda por catálogo ou internet. Grande parte das lojas de pesca em todo o país têm material de spinning que pode perfeitamente servir para se começar a pescar e a ter resultados;
- Facilidade de operação: não tem muitos truques, é só montar o carreto no suporte, abrir a asa do cesto e passar o fio por todos os passadores, montar o isco e lançar para onde se quiser. É só preciso ter atenção à torção do fio e verificar se este não está a passar para baixo da bobine.
O passo seguinte seria um conjuntinho de casting, para coisas um bocadinho mais, como dizer, musculadas, não é...Jigs, Carolinas....mas isto fica para depois...Pessoalmente, tenho três carretos de spinning e três carretos de casting:
Spinning
- Daiwa Samurai 2500: comprei na Dacathlon e não estou arrependido. É um carreto leve, relativamente simples (gama média/baixa) com travão traseiro (+/- 30€);
- Shimano Sahara 1000FA: bem bom, um bocado para o carote mas vale mesmo o dinheiro porque é um carreto extremamente equilibrado, leve e muito preciso (+/- 75€);
- Grabenstein Sonar 2000: nem me perguntem onde é que eu desencantei isto, mas é o meu melhor carreto de spinning. Vai a todas, sejam as trutas de Villagudín sejam os achigãs do Alqueva, é equilibrado, leve, preciso e não foi assim tão caro (+/- 40€). Não consigo é encontrar mais...
Casting
- Daiwa Cygnus 100Bil: mais um da Decathlon. Para carreto de casting de prinicpiantes não está nada mal, sendo simples de ajustar e relativamente suave no lançamento e recuperação. Não sei é porque são tão caros, acho que não justifica o preço (+/-35€);
- Browning 300l: Foi o meu segundo carreto de casting e, apesar de ter todo o corpo em alumínio, é até bastante leve e confortável. Excepto para jerkbaits, spinnerbaits ou crankbaits: aí dá cabo de um gajo. Já não se fabricam...
- AbuGarcia Ambassadeur EON: este carreto foi uma troca que eu fiz com o meu Pai: ele só utiliza carretos de casting com manivela à esquerda para pescar à superfície e eu troquei um Banax Tova 600i (o meu primeiro carreto de casting) por este que, segundo os americas, é do melhor que há. Grande treta: quero o meu Banax de volta!!!
Tuesday, January 2, 2007
Feliz 2007
Pois é, cá estou outra vez! Após um interregno de algumas semanas, volto em força para bombar mais uns posts neste grande Banho à minhoca! Aproveito ainda para desejar votos de Bom 2007 para todos os (cinco) leitores do blog, esperando que o ano que agora começa seja muito melhor do que o que acabou.
Pronto, já acabámos com as cenas abichanadas, vamos ao que interessa: conforme disse no último post, vou partilhar alguns pensamentos sobre o material que o pessoal tem de ter para se aventurar pateticamente na perseguição ao Bicho. Este primeiro será dedicado à canas.
Como o público-alvo deste blog é o segmento dos pescadores desportivos de água doce, não tem cabimento nenhum falar de redes, arpões ou mesmo de asticot de rastilho (bem, este se calhar tem cabimento, mas penso que é perigoso falar de explosivos na net e os "amaricanos" tão à coca...), daí que se fale do verdadeiro instrumento: a cana.

A figura acima mostra os dois tipos de cana mais utilizados na pesca ao achigã: casting (as 3 primeiras) e spinning (as 3 últimas), que se diferenciam principalmente por serem utilizadas em conjunto com carretos específicos (próximos posts, não percam!!!) e, principalmente, por terem acções diferentes que se adaptam a técnicas de pesca diferentes.
Um bom exemplo do que quero dizer é a acção da cana (vamos, lá: potência), normalmente dividida em UL (ultra-light), L (light), ML (medium-light), M (medium), MH (medium-heavy), H (heavy) e XH (extra-heavy), de acordo com o peso do isco que se utiliza e com o diâmetro do fio utilizado (por exemplo, uma cana de spinning ML é concebida para lançar iscos entre 1/8 oz (3,5 gramas) e 5/8 oz (17,5 gramas) numa linha entre 4 e 10 lbs de resistência, enquanto que uma cana de spinning MH é concebida para lançar iscos entre 1/4 oz (7 gramas) e 1 oz (28 gramas) em linhas entre 8 e 17 lbs de resistência).
Associado a esta característica está igualmente a ponteira que pode variar de lenta (slow) a ultra-rápida (extra-fast) e que indica o quanto uma cana é parabólica (uma cana com ponteira lenta quando tenta levantar um peso preso na linha dobra até ao meio, enquanto que uma cana com ponteira extra-rápida apenas dobra a secção superior da cana).
Para além das características acima indicadas (tipo, potência e acção de ponteira), outra das características essenciais de uma cana de achigãs é o seu tamanho. Mais uma vez, esta característica está associada ao tipo de pesca que se pertende fazer, variando tradicionalmente entre os 5' (1,5 metros) e os 8' (2,4 metros). É necessário advertir os estimados leitores que, por muito boa vontade que se tenha, uma cana de 2,4 metros não dá jeito a um tipo de 1,60 metros a pescar de margem no meio de um emaranhado de silvas, azinheiras e estevas, só sendo utilizada pelos nossos amigos americanos que pescam de barco e mesmo estes só com mais de 1,85 é que se aventuram na utilização de um varapau desse tamanho. Siga.
No que diz respeito ao material de contrução, o corpo da cana (blank) é normalmente de grafite laminada com alta densidade de módulos, contribuindo para a sua sensibilidade e leveza (o povo passa o dia a mandar pra lá e a puxar pra cá e necessita de uma coisa levezita senão fica com o braço feito em papa), guias de fio normalmente de um composto semelhante à porcelana resistente à abrasão ou mesmo em titânio (a minha Fenwick, por exemplo), um porta-carretos de PVC ou outro tipo de material plástico e pegas, que podem ser de cortiça ou de uma espécie de espuma de borracha. Com a evolução dos iscos e das formas de pesca, muitas companhias fabricantes de canas utilizam uma mistura de grafite de alta densidade e fibra de vidro para determinadas canas específicas para iscos vibratórios (crankbaits e spinnerbaits), ou seja, menos sensíveis que só grafite mas mais "user friendly" para quem pesca porque potenciam as vibrações do isco sendo mais leves que canas só de fibra de vidro.
Agora, a parte mais engraçada: o preço. As canas de pesca específicas para o achigã podem variar entre os 25/30 dólares e uns fantásticos 400 doláres e aqui, meus amigos, tem-se o que se pagou: como quase tudo na vida, as coisas melhores são as mais caras e, parecendo que não, quando a pesca está difícil, a vantagem vem quase sempre do material: a cana que é mais sensível e tem melhor acção, o carreto que lança na perfeição uma e outra vez, a linha que não se enrola e por aí fora. Neste aspecto, é uma questão de opção pura e simples: será que compensa gastar 300€ numa cana para só pescar 4 vezes por ano? Cada um sabe de si, mas a oferta é vastíssima (basta seguir alguns dos links ao lado para confirmar o que digo) e é possível comprar material muito bom sem ter de assaltar uma carrinha de valores. Eu, por exemplo, só tenho 6 canas, três de spinning e três de casting, todas com diferentes características e mais ou menos adequadas a diferentes técnicas de pesca: por exemplo, com a minha Bionic Blade da BPS (6'6", MH, casting) pesco iscos de vinil com mais de 10 g (texas, carolina) e jig's, enquanto que com a minha cana Abu Gacia Conolon (6'6", MH, spinning) pesco essencialmente técnicas mais ligeiras com iscos inferiores a 10 g. Comigo funciona. Digam de vossa justiça.
Até à próxima.
Pronto, já acabámos com as cenas abichanadas, vamos ao que interessa: conforme disse no último post, vou partilhar alguns pensamentos sobre o material que o pessoal tem de ter para se aventurar pateticamente na perseguição ao Bicho. Este primeiro será dedicado à canas.
Como o público-alvo deste blog é o segmento dos pescadores desportivos de água doce, não tem cabimento nenhum falar de redes, arpões ou mesmo de asticot de rastilho (bem, este se calhar tem cabimento, mas penso que é perigoso falar de explosivos na net e os "amaricanos" tão à coca...), daí que se fale do verdadeiro instrumento: a cana.

A figura acima mostra os dois tipos de cana mais utilizados na pesca ao achigã: casting (as 3 primeiras) e spinning (as 3 últimas), que se diferenciam principalmente por serem utilizadas em conjunto com carretos específicos (próximos posts, não percam!!!) e, principalmente, por terem acções diferentes que se adaptam a técnicas de pesca diferentes.
Um bom exemplo do que quero dizer é a acção da cana (vamos, lá: potência), normalmente dividida em UL (ultra-light), L (light), ML (medium-light), M (medium), MH (medium-heavy), H (heavy) e XH (extra-heavy), de acordo com o peso do isco que se utiliza e com o diâmetro do fio utilizado (por exemplo, uma cana de spinning ML é concebida para lançar iscos entre 1/8 oz (3,5 gramas) e 5/8 oz (17,5 gramas) numa linha entre 4 e 10 lbs de resistência, enquanto que uma cana de spinning MH é concebida para lançar iscos entre 1/4 oz (7 gramas) e 1 oz (28 gramas) em linhas entre 8 e 17 lbs de resistência).
Associado a esta característica está igualmente a ponteira que pode variar de lenta (slow) a ultra-rápida (extra-fast) e que indica o quanto uma cana é parabólica (uma cana com ponteira lenta quando tenta levantar um peso preso na linha dobra até ao meio, enquanto que uma cana com ponteira extra-rápida apenas dobra a secção superior da cana).
Para além das características acima indicadas (tipo, potência e acção de ponteira), outra das características essenciais de uma cana de achigãs é o seu tamanho. Mais uma vez, esta característica está associada ao tipo de pesca que se pertende fazer, variando tradicionalmente entre os 5' (1,5 metros) e os 8' (2,4 metros). É necessário advertir os estimados leitores que, por muito boa vontade que se tenha, uma cana de 2,4 metros não dá jeito a um tipo de 1,60 metros a pescar de margem no meio de um emaranhado de silvas, azinheiras e estevas, só sendo utilizada pelos nossos amigos americanos que pescam de barco e mesmo estes só com mais de 1,85 é que se aventuram na utilização de um varapau desse tamanho. Siga.
No que diz respeito ao material de contrução, o corpo da cana (blank) é normalmente de grafite laminada com alta densidade de módulos, contribuindo para a sua sensibilidade e leveza (o povo passa o dia a mandar pra lá e a puxar pra cá e necessita de uma coisa levezita senão fica com o braço feito em papa), guias de fio normalmente de um composto semelhante à porcelana resistente à abrasão ou mesmo em titânio (a minha Fenwick, por exemplo), um porta-carretos de PVC ou outro tipo de material plástico e pegas, que podem ser de cortiça ou de uma espécie de espuma de borracha. Com a evolução dos iscos e das formas de pesca, muitas companhias fabricantes de canas utilizam uma mistura de grafite de alta densidade e fibra de vidro para determinadas canas específicas para iscos vibratórios (crankbaits e spinnerbaits), ou seja, menos sensíveis que só grafite mas mais "user friendly" para quem pesca porque potenciam as vibrações do isco sendo mais leves que canas só de fibra de vidro.
Agora, a parte mais engraçada: o preço. As canas de pesca específicas para o achigã podem variar entre os 25/30 dólares e uns fantásticos 400 doláres e aqui, meus amigos, tem-se o que se pagou: como quase tudo na vida, as coisas melhores são as mais caras e, parecendo que não, quando a pesca está difícil, a vantagem vem quase sempre do material: a cana que é mais sensível e tem melhor acção, o carreto que lança na perfeição uma e outra vez, a linha que não se enrola e por aí fora. Neste aspecto, é uma questão de opção pura e simples: será que compensa gastar 300€ numa cana para só pescar 4 vezes por ano? Cada um sabe de si, mas a oferta é vastíssima (basta seguir alguns dos links ao lado para confirmar o que digo) e é possível comprar material muito bom sem ter de assaltar uma carrinha de valores. Eu, por exemplo, só tenho 6 canas, três de spinning e três de casting, todas com diferentes características e mais ou menos adequadas a diferentes técnicas de pesca: por exemplo, com a minha Bionic Blade da BPS (6'6", MH, casting) pesco iscos de vinil com mais de 10 g (texas, carolina) e jig's, enquanto que com a minha cana Abu Gacia Conolon (6'6", MH, spinning) pesco essencialmente técnicas mais ligeiras com iscos inferiores a 10 g. Comigo funciona. Digam de vossa justiça.
Até à próxima.
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