De uma forma simples, os carretos para a pesca ao achigã podem ser de três tipos: spinning ou de bobine fixa (para usar com canas de spinning), casting ou de bobine rotativa (para usar com canas de casting) ou spincast ou carretos fechados (para usar com ambos os tipos de cana).
Os carretos de spinning ou de bobine fixa são o tipo de carreto mais utilizado pelos pescadores portugueses, em que a bobine que armazena o fio é fixa e é paralela à cana, ficando o carreto sob a mesma. O mecanismo de recolha de fio envolve um pickup que roda em volta da bobine em movimentos oscilantes (para uniformizar a recolha). Os carretos de spinning, na pesca do achigã, utilizam-se habitualmente para lançar iscos leves e linhas cm diâmetro inferior a 0,25 mm, sendo leves e bastante fáceis de utilizar e, nalguns casos de marcas de excelência, duram mais do que uma vida, desde que com uma manutenção cuidada e a eventua substituição da mola da asa do cesto. O principal problema com este tipo de carretos prende-se com a torção do fio provocada pelo seu funcionamento, que se pode traduzir em nós na linha (a linha enrola sobre si mesma, formando nós quase impossíveis de desatar, mesmo com muuuuita paciência) e ainda na entrada de linha para baixo da bobine (o braço oscilante do carreto e a bobine estão montados sobre um eixo/espigão. Quando entra linha pelo intervalo entre a bobine e o braço oscilante, o movimento de recolha de fio vai obrigar essa linha a enrolar-se à volta desse mesmo eixo, o que não é nada agradável - num próximo post irei abordar toda a parafrenália de palavões que se podem utilizar quando situações como estas ocorrem em plena acção de pesca - não percam!). Tem sistema de travão (drag) dianteiro ou traseiro.
Os carretos de casting ou de bobine rotativa são carretos em que a bobine é perpendicular à cana, situando-se sobre a cana (também se podem chamar overhead reel). Neste caso, a recolha de fio é directa, sendo a uniformização da recolha feita através de uma guia montada num parafuso sem fim. Estes carretos são mais indicados que os de spinning para iscos mais pesados, possibilitando uma maior precisão de lançamento. Uma vez que a bobine é rotativa, este tipo de carretos tem o problema da chamada cabeleira: quando se faz um lançamento com um destes carretos, o peso do isco faz com que a linha saia da bobine e esta, por inércia, rode. Ora quando o isco é lançado vai com uma determinada velocidade que continua mais ou menos constante até entrar na água, onde é dramaticamente reduzida. O problema é que ninguém avisou a bobine que o isco chegou à água e travou, portanto ela continua com a mesma velocidade e força a linha a sair pela guia. E aqui temos um problema igual à hora de ponta na ponte (sssstupido, muito ssstupido): muita linha e pouco espaço resulta em engarrafamento. Daí que estes carretos tenham pelo menos duas formas redundantes decontrolo de lançamento: o travão da bobine e um travão magnético que devem ser re-ajustados de cada vez que se utiliza um isco diferente. Para além destes travões, tem um drag em estrela.
Os carretos spincast foram criados pela ZEBCO em 1949, visando principalmente a resolução dos problemas dos carretos de spinning e de casting que são, respectivamente, a torção de linha e as cabeleiras . Estes carretos podem ser adaptados aos dois tipos de cana referidos (sendo os adaptáveis a canas de spinning chamados underspin) consistindo essencialmente numa bobine fixa (como os carretos de spinning), um ou dois pickups simples e um recipiente de metal com a função de recolher a linha na bobine. Normalmente são pouco utilizados na Europa, sendo provavelmente, o carreto mais utilizado nos EUA por principiantes na pesca pela sua simplicidade e facilidade de operação. No entanto, armazenam menos linha do que os tipos acima indicados e, em resultado da fricção do "cone" de recolha com a linha, a distância de lançamento é menor que no caso dos carretos de spinning.
E depois disto, hein? O que é que vou usar, ò Mendes, perguntam voçês... Bom, eu começaria por um conjuntinho de spinning e explico porquê:
- Facilidade de aquisição: o que não falta aí são canas de 1,80m com boa acção e potência e carretos de spinning, o que evita a encomenda por catálogo ou internet. Grande parte das lojas de pesca em todo o país têm material de spinning que pode perfeitamente servir para se começar a pescar e a ter resultados;
- Facilidade de operação: não tem muitos truques, é só montar o carreto no suporte, abrir a asa do cesto e passar o fio por todos os passadores, montar o isco e lançar para onde se quiser. É só preciso ter atenção à torção do fio e verificar se este não está a passar para baixo da bobine.
O passo seguinte seria um conjuntinho de casting, para coisas um bocadinho mais, como dizer, musculadas, não é...Jigs, Carolinas....mas isto fica para depois...Pessoalmente, tenho três carretos de spinning e três carretos de casting:
Spinning
- Daiwa Samurai 2500: comprei na Dacathlon e não estou arrependido. É um carreto leve, relativamente simples (gama média/baixa) com travão traseiro (+/- 30€);
- Shimano Sahara 1000FA: bem bom, um bocado para o carote mas vale mesmo o dinheiro porque é um carreto extremamente equilibrado, leve e muito preciso (+/- 75€);
- Grabenstein Sonar 2000: nem me perguntem onde é que eu desencantei isto, mas é o meu melhor carreto de spinning. Vai a todas, sejam as trutas de Villagudín sejam os achigãs do Alqueva, é equilibrado, leve, preciso e não foi assim tão caro (+/- 40€). Não consigo é encontrar mais...
Casting
- Daiwa Cygnus 100Bil: mais um da Decathlon. Para carreto de casting de prinicpiantes não está nada mal, sendo simples de ajustar e relativamente suave no lançamento e recuperação. Não sei é porque são tão caros, acho que não justifica o preço (+/-35€);
- Browning 300l: Foi o meu segundo carreto de casting e, apesar de ter todo o corpo em alumínio, é até bastante leve e confortável. Excepto para jerkbaits, spinnerbaits ou crankbaits: aí dá cabo de um gajo. Já não se fabricam...
- AbuGarcia Ambassadeur EON: este carreto foi uma troca que eu fiz com o meu Pai: ele só utiliza carretos de casting com manivela à esquerda para pescar à superfície e eu troquei um Banax Tova 600i (o meu primeiro carreto de casting) por este que, segundo os americas, é do melhor que há. Grande treta: quero o meu Banax de volta!!!
4 comments:
finalmente, consigo comentar alguma coisa!
ah, era suposto incluir algo construtivo no comentário?...
É que perante um discurso bloguistico tão profissional, torna-se dificil competir...e não gosto nada de falar sobre o que não domino...
Se bem que a definição de intelctual, por J.P. Sartre, era o sujeito que tem uma opinião sobre tudo, especialmente o que não lhe diz respeito.
Fica a tirada filosófica.
Eu é mais é tijolos, mesmo...
Caro Pluto:
O Sartre era vesgo, devendo ser extremamente complicado para ele empatar um anzol com tamanho inferior a 5/0...E ainda que não me pareça que tenha sido pescador, até podia ter sido, porque, sendo o existencialismo uma corrente filosófica que defende que cada homem é um ser único que tem o poder de definir os seus actos e o seu destino, também o pescador de achigãs o é: se não apanhar peixe a culpa é dele.
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