Sunday, November 25, 2007

Último do ano - quase de certeza...

No passado sábado dia 17 de Novembro e aproveitando o facto de estar a passar um fim-de-semana prolongado em Portalegre, fui com o Mestre à pesca do Bicho. Local escolhido: barragem de Alcântara, provícia de Cáceres, Extremadura. As condições meteorológicas podiam ser mais amigáveis, mas o dia amanheceu frio...muito frio...perto da vila de Valencia de Alcântara estavam, às 8:30h, uns enrijecedores -2ºC.

Chegámos à barragem por volta das 10:30h e as condições mantinham-se: frio (4ºC), céu praticamente limpo e ausência de vento. Por estes dias, e possivelmente à semelhança da grande parte das barragens da Península Ibérica, Alcântara tem menos 15 a 20m de água do que o NPA, com uma margem de erro de +/- 3m, o que quer dizer que lhe falta muita, mas mesmo muita água. Para terem uma ideia, o Google Earth mostra a barragem mesmo bem e os ortos devem ter sido produzidos no Verão, pelo que se nota perfeitamente a zona sem vegetação na margem...

Tratando-se de uma barragem no Tejo, grande parte não é propriamente indicada para pesca de margem, como podem imaginar, mas com algum cuidado faz-se bem.

Voltando ao que interessa, a água não estava grande espingarda, com acumulações evidentes de algas malcheirosas nalguns cantos e points mais abrigados do vento. O Mestre e eu, conhecedores das preferências dos bichos nesta altura do ano, apenas pescámos points primários (encostados ao canal principal) sem muita sorte durante a parte da manhã e início da tarde: o Mestre pescou com um jig preto com lagostim azul (desconheço a marca), cana Daiwa casting 6'6" MH e carreto Abu Garcia Gold Max com Trilene 17lbs, enquanto que eu comecei a pescar com a minha fiel Abu Garcia Conolon, o meu Mitchell Avocet com Trilene de 17lbs e um maravilhoso Zoom Ultra Vibe Speed Craw (3,5") Watermelon num anzol Widegap da BPS (1/0)e uma bala de 1/16 oz, o que me levou a ter três picadas, uma das quais originou uma captura de um bonito bicho com cerca de 25 cm e 300g de peso.

Passadas algumas horas, como não se registou mais actividade piscatória, decidimos levantar ferro e procurar outras paragens, o que, após alguma tentativas infrutíferas de "dar com eles" nos levou a uma zona exposta mais exposta ao sol (logo mais quente) em que era possível ver muitas árvores dentro de água. Ora nesta zona, perdi o material no fundo (pedra) pela 4ª vez, pelo que optei por outra estratégia: mais peso (1/8 oz), anzol diferente (O'Shaugnessy 1/0 XPS da BPS - lol, tentem adivinhar...) e um Baby Brush Hog (Watermelon red flake). O resultado está em baixo:
Esta beleza pesou 1.423kg e mediu 45 cm. Quando a amanhei (sim, vou comê-la!) não tinha nada no estômago. É bonita, não é? E é uma belíssima despedida...

Banho à Minhoca - o Regresso

Já não era sem tempo, meus amigos: desde Abril que não actualizava este "piqueno" espaço dedicado ao banho da minhoca, essa actividade tão salutar. Este interregno tem uma razão de ser: chama-se Tiago Ferreira Osório Morgado Mendes e é o maior achigã que já pesquei. Nasceu no dia 10 de Julho, pesando 3.290 kg e medindo 47cm.


Como é óbvio, o tempo dedicado à banhar a minhoca foi para o galheiro - literalmente - contando-se pelos dedos de uma mão as vezes que fui à pesca desde que ele nasceu. Resumindo e baralhando, este troféu é sui generis: é daqueles que tende a aumentar de tamanho e peso com a idade! Para os mais incautos e crédulos:

  1. Não, não é possível dormir 10 min e acordar retemperado;
  2. Um bebé sozinho suja mais do que uma vara de porcos de montado acabadinhos de chafurdar na lama;
  3. Se a marinha substituísse as sirenes de nevoeiro por bebés com cólicas teria mais alcance;
  4. As fraldas descartáveis valem mais do que petróleo, diamantes e o Santo Graal juntos;
  5. Os pais de filhos com menos de 6 meses odeiam todas as pessoas que não têm filhos;
  6. Alguns destes pais já começaram a comprar munições para assassinatos em massa de pessoas que não têm filhos;
  7. E catanas;
  8. E fisgas (os que não têm dinheiro em virtude das fraldas e da roupa de bebé)

Monday, April 16, 2007

As Férias

Caríssimos, vou hoje falar das minhas aventuras piscatórias nas férias que tive no final de Março.
Como os "hard- core" sabem, entre dia 15 de Março e 15 de Maio não é possível a pesca ao bicho no teritório nacional (possível é, nas águas salmonícolas, mas isso é assunto para outro post), daí que, se alguém mais afoito quer ter algum encontro imediato com um bicho esverdeado e de boca grande, a solução é Espanha. Pois então, lá fui eu, rumo a Portalegre, para gozar umas merecidas férias de carácter piscatório, na companhia do Mestre (sim, o Arrastão do Areeiro).
Lamento dizê-lo (como lamento, caraças!!!!) mas foi a maravilhosa viagem à Senhora da Asneira, porque não só o tempo estava extremamente instável, como para mal dos meus pecados, os animais ainda não estávam a tratar da vidinha... resultados da minha parte, não houve, mas o Mestre que até em poças de chuva na segunda circular é capaz de apanhar peixe, não deixou os seus créditos por mãos alheias, realizando um estrondoso total de 8 capturas em 3 dias de pesca, dos quais 2 com mais de 35 cm e acima de 1,5 kg. É o MAIOR!
Salienta-se que as capturas foram todas obtidas de uma forma pouco ortodoxa: cana de spinning (Team Daiwa finesse) utilizando um Shadow (Mann's) de 3" cinzento claro e um pequeno chumbo redondo a cerca de 40 cm do anzol. Tudo a mexer rápido... Grande gaita! Ainda tive um ameaço de um peixe grande (um dos dois) com o mesmo sistema mas usando um tubo, mas tirei-lhe o isco da boca, ao que o Mestre agradeceu e aproveitou para apanhar... levei na boca como gente grande...fica para a próxima.

Wednesday, March 14, 2007

Os primeiros do ano

Até que enfim! Custou mas foi desta: no passado domingo (11 de Março) conseguiram-se as primeiras capturas do ano, quer para este vosso amigo, quer para os companheiros que integraram essa grande expedição piscatória. Foi assim:
Às 7:15 da manhã do dia 11, toquei para casa do grande Eng.º Nuno Silva, dando início a mais uma jornada épica de perseguição aos nossos bichos. Carregado o material na sua viatura (canas, carretos, comida, bebida, pato...) aí vamos nós buscar o Dr. Pádua à sua morada. Segui-se o protocolo do costume (carrega o carro caraças, que se está a fazer tarde) enfiámo-nos os três na carrinha do Eng.º Silva, cabendo-me a mim o papel de bobi no compartimento de carga. Até Palmela, onde se procedeu à transfega da cangalhada para a Megane do grande companheiro Lino e, dado o adiantado da hora, seguimos até ao café mais próximo onde levámos a dose recomendada de cafeína. E depois, ala que se faz tarde (literalmente). Destino: Morgavél.
Sem sobressaltos de maior e com a costumeira paragem na área de serviço de Alcácer para comprar gelo, chegámos ao Morgavél apenas para constatar que, para além de estar a rebentar pelas costuras, a ventania era tal que quase era possível surfar as ondas que rebentavam contra a margem. Palavra puxa palavra, a pandilha optou por seguir até à Barragem de Campilhas, na perspectiva de as condições serem um pouco mais favoráveis.
Uma vez chegados, deparou-se-nos um cenário altamente desencorajador: a barragem descarregava pelo descarregadouro como se não houvesse amanhã (é para verem o que choveu, ela estava a cerca de 20% em Outubro!). Montou-se o material (isto no lado direito do paredão, mais acessível), tendo a aposta sido no vinil, com as cores mais naturais (verdes e vermelhos). Eu optei por um conjunto mais leve, com a minha AbuGarcia Conolon 6'6"MH, carreto Mitchell Avocet AV2000R com Trilene Sensation 6lbs, e shaky worm (cabeçote de jig 1/4 oz, minhoca finesse zoom watermelon seed). O resultado foi interessante, saldando-se por uma captura de bom tamanho (grande Engº Silva!!!+/- 700g!!) e um ataque forte na minha montagem (desferrou-se, é pena).
A pescaria prosseguiu até à hora de almoço, findo o qual nos deslocámos para o lado oposto da barragem só para constatar que não era possível pescar, uma vez que não havia quaisquer acessos à agua (está mesmo cheia!). Guarda tudo outra vez e Morgavél com eles.
Quando chegámos (perto das 15h) o vento tinha amainado consideravelmente, tendo-se optado por uma abordagem apropriada à situação: splitshot everybody! Aí, a minha escolha correspondeu à estreia absoluta de minhocas River2Sea Quiver 100 (10 cm) de uma cor estranha (verde com flocos dourados e púrpura). Esta minhoca pode ser comparada a um "senko", não tendo acção definida e uma velocidade de queda horizontal muito lenta. E deu-se: o Dr. Pádua tinha andado a moer o juízo a um bicho num dos cantos, mas ele não quis ir na conversa. E mesmo a mim, só ao segundo ataque é que se consumou a ferragem. Parcia igual ao do Engº Silva, talvez um pouco maior em comprimento, mas com o peso muito parecido (700 g). Mas ainda não tinha terminado: o Dr. Pádua encheu-se de brios e consegui mais um bicho gorducho (mais curto mas mais largo) com o mesmo peso (talvez mais um pouco, tenho de investir numa pesola de jeito), numa Berkley Bungee worm vermelha.
Seguem as fotos. Até à próxima



P.S. Este post script serve só para dar os parabéns ao Grande Lino, não por não ter apanhado nada (fica para a próxima, mas vou-te dedicar um post) mas por ter finalmente sabido o que o espera: é uma menina! Toda a sorte do Mundo, amigo! Muitas felicidades para ti e para a Paula!

Wednesday, February 21, 2007

Achigã: procura-se vivo e a dar à barbatana!

Rais' parta, pá! Então não é que fui ver deles e não os encontrei, caraças!? Mas onde é que eles andam!? É que estamos a meio de Fevereiro e não há maneira desses escamudos aparecerem! Não há direito! Um gajo faz quilómetros e quilómetros, apanha chuva, frio, vento...enfim, sacrifica-se e os bichos, nada!? Não pode ser! A culpa é do governo! E do Ministro da Economia, que não liga às carências deste pescador! Quais salários baixos, qual quê: este país sem achigãs não é atractivo!
Mas pronto: eu conto tudo.
Foi numa manhã fria e tempestuosa (isto faz-me lembrar um cão, mas não sei porquê...) que me dirigi para a albufeira de Montargil (idiota! idiota! idiota!) numa expedição de caça de peixes, mais conhecida como pesca. Chuva desde Lisboa até à barragem e mesmo depois de lá estar, tendo parado para aí às 9:30h. Barragem cheia até aos gasganetes, o que deixou imensa madeira dentro de água (pensei logo: pera qu'isto pode dar-se aqui uma cena macaca). Monta pato, monta cana (Fenwick HMX 6'10" XH, Daiwa Cygnus c/0.30, jig 3/4 oz (azul e preto) e lagostim "Junebug" Original Fish Formula), monta outra cana (Abu Garcia Crossfire 6'6" ML, Browning Syntec c/0.25, Dinger 5" da YUM "Junebug" c/ anzol 3/0 da BPS e Rat-l-trap "Texas red craw" e Rapala Deeprunner "Holographic Shad").
A pesca de pato com uma cana atravessada no avental não é muito prática, tanto mais que uma das canas é grande para chuchú e pesa demasiado, mas é treinar pá, é treinar...
Como o braço que costumo pescar se encontrava totalmente alagado (Foros do Mocho) e não tinha sítio para parar a viatura perto da água, optei por pescar os cantos junto à rampa na zona do paredão. De facto, as condições estavam lá: a água nem estava muito fria, a cor era a normal para Montargil e a barragem regista uma das maiores enchentes que eu vi (e vou para Montargil à mais de 20 anos).
Resultados desta treta: mais valia ter ficado em casa ou ter ido a Salvaterra, que sempre é mais perto. Não vi um peixe, mas tive um toque no jig (toque e foge). Que bom!
Para a próxima é que é!

Monday, February 12, 2007

Já foi à quase um mês!

Já foi à quase um mês a última vez que fui dar banho à minhoca! Estou a começar a ficar com brotoeja, caraças!
Quando falta cerca de um mês para o início do defeso, as condições meteorológicas ainda não atingiram o ideal... pelo menos não quando eu posso ir pescar, o que me está definitivamente a dar cabo da molécula!
Vou apenas referir o exemplo do passado fim-de-semana: sábado - chuva e vento forte; domingo: vento forte e chuva, acompanhado por belíssmos bancos de nevoeiro. Assim não há quem resista, pá! Já chega! E faço aqui já uma promessa: para o próximo é que é!
Num registo mais sério, esta altura do ano é complexa do ponto de vista da pesca aos bichos: aos poucos começam a ficar activos e a procurar repor os níveis de energia esgotados durante o Inverno, preparando-se para uma das épocas mais importantes do ano: a desova. Em todas as albufeiras do país, mas mais no Sul onde as temperaturas são tradicionalmente mais elevadas, os nossos amigos verdes começam a preparar-se para dar continuidade à espécie, prevendo-se boas pescarias nesta fase. Mas cuidado: ainda não estão com aquela voracidade que os caracteriza, sendo extremamente assustadiços até ao início da desova propriamente dita. Assim, pouco barulho, iscos lentos e muita paciência... Agora ide dar banho à minhoca... mas com cuidado...

Wednesday, January 24, 2007

Primeira do ano

Caros amigos:
Já comecei o ano piscatório. Foi no passado dia 13 de Janeiro que, com o grande companheiro Lino e o grande Mestre Francisco Morgado Mendes, me desloquei à albufeira do Alvito para dar início às lides piscatórias de 2007.
O dia estava, de facto, bonito: começou frio (+/- 3ºC) e acabou quente (19ºC às 16h), sem vento relevante e com céu muito pouco nublado. A água não deveria ultrapassar os 12ºC - o primeiro sinal de problemas na detecção dos bichos - e estava algo turva na cabeceira da barragem e muito transparente junto ao paredão.
A "faina" começou junto a Oriola, na parte superior da albufeira, no braço da ribeira de Odivelas que irá receber o túnel de ligação Loureiro/Alvito, onde foi "batida" a antiga estrada e as estruturas a esta associadas, principalmente madeira. O Mestre e eu usámos equipamentos semelhantes: canas de casting 6'6" MH (Team Daiwa do Mestre e Bionic Blade a minha), carreto a condizer (Abu Garcia Ambassadeur do Mestre e Browning Syntec meu), jig de 3/4 oz (castanho do Mestre e watermelon meu) e atrelado (porco Uncle Josh's purple do Mestre e watermelon craw trailer Berkley meu). O campanheiro Lino usou uma cana de spinning Mori Vanguard ML, carreto Grabenstein Sonar 2000 e um Baby Brush Hog (Zoom) watermelon seed (texas, 1/8 oz, anzol 1/0 wide gap). Os resultados nesta primeira tentativa foram 0: nem um toque, nem um peixe, nem nada...parecia que se estava a pesar no lago do Campo Grande (com a excepção de que não se viam os peixes nem os patos, nem pessoal na marmelada).
Após este primeiro "embate" o Mestre (que pescava no Alvito quanto Jesus Cristo ainda andava no mundo) sugeriu a deslocação da expedição para a zona do paredão, de modo a aproveitar as diferenças de cota (os peixes ainda não estavam encostados nem a meio caminho) entre zonas menos e mais profundas. Nesta zona da barragem notava-se claramente a ausência do efeito de transporte de sedimentos que ainda ocorre na metade Norte, com a água a presentar uma transparência elevadíssima, podendo dizer que se deveria aproximar dos 4,5/5m de visiblidade (em contraste com os cerca de 40 cm de Oriola).
Uma vez mais foi utilizdo o mesmo material e as mesmas técnicas, procurando correr água a baixa velocidade e aproveitar as mudanças bruscas de profundidade e as "pedras saltonas" isoladas nos declives. Os resultados foram os mesmos: nem toques, nem vê-los.
Conclusão: ainda não era altura. A barragem está relativamente pouco cheia (podem confirmar no site do Inag http://snirh.pt/) em relação a outras barragens da mesma Bacia Hidrográfica mas apresenta uma série de características interessantes que pode valer a pena investigar quando a temperatura aumente um pouco mais: muitas esruturas visíveis, boa cor de água e alguma vegetação subaquática que não morreu no pico do Inverno. Definitivamente é de voltar.
Outra coisa: é ABSOLUTAMENTE indispensável ir ao Alvito e atacar forte e feio na feijoada de um certo restaurantezinho na praça...foi o que salvou o dia...isso e duas garrafas de Couteiro-Mor...

Monday, January 8, 2007

Carretos

No seguimento do post anterior, vou passar as minhas considerações sobre outro elemento fundamental da pesca ao achigã: o carreto.
De uma forma simples, os carretos para a pesca ao achigã podem ser de três tipos: spinning ou de bobine fixa (para usar com canas de spinning), casting ou de bobine rotativa (para usar com canas de casting) ou spincast ou carretos fechados (para usar com ambos os tipos de cana).
Os carretos de spinning ou de bobine fixa são o tipo de carreto mais utilizado pelos pescadores portugueses, em que a bobine que armazena o fio é fixa e é paralela à cana, ficando o carreto sob a mesma. O mecanismo de recolha de fio envolve um pickup que roda em volta da bobine em movimentos oscilantes (para uniformizar a recolha). Os carretos de spinning, na pesca do achigã, utilizam-se habitualmente para lançar iscos leves e linhas cm diâmetro inferior a 0,25 mm, sendo leves e bastante fáceis de utilizar e, nalguns casos de marcas de excelência, duram mais do que uma vida, desde que com uma manutenção cuidada e a eventua substituição da mola da asa do cesto. O principal problema com este tipo de carretos prende-se com a torção do fio provocada pelo seu funcionamento, que se pode traduzir em nós na linha (a linha enrola sobre si mesma, formando nós quase impossíveis de desatar, mesmo com muuuuita paciência) e ainda na entrada de linha para baixo da bobine (o braço oscilante do carreto e a bobine estão montados sobre um eixo/espigão. Quando entra linha pelo intervalo entre a bobine e o braço oscilante, o movimento de recolha de fio vai obrigar essa linha a enrolar-se à volta desse mesmo eixo, o que não é nada agradável - num próximo post irei abordar toda a parafrenália de palavões que se podem utilizar quando situações como estas ocorrem em plena acção de pesca - não percam!). Tem sistema de travão (drag) dianteiro ou traseiro.


Os carretos de casting ou de bobine rotativa são carretos em que a bobine é perpendicular à cana, situando-se sobre a cana (também se podem chamar overhead reel). Neste caso, a recolha de fio é directa, sendo a uniformização da recolha feita através de uma guia montada num parafuso sem fim. Estes carretos são mais indicados que os de spinning para iscos mais pesados, possibilitando uma maior precisão de lançamento. Uma vez que a bobine é rotativa, este tipo de carretos tem o problema da chamada cabeleira: quando se faz um lançamento com um destes carretos, o peso do isco faz com que a linha saia da bobine e esta, por inércia, rode. Ora quando o isco é lançado vai com uma determinada velocidade que continua mais ou menos constante até entrar na água, onde é dramaticamente reduzida. O problema é que ninguém avisou a bobine que o isco chegou à água e travou, portanto ela continua com a mesma velocidade e força a linha a sair pela guia. E aqui temos um problema igual à hora de ponta na ponte (sssstupido, muito ssstupido): muita linha e pouco espaço resulta em engarrafamento. Daí que estes carretos tenham pelo menos duas formas redundantes decontrolo de lançamento: o travão da bobine e um travão magnético que devem ser re-ajustados de cada vez que se utiliza um isco diferente. Para além destes travões, tem um drag em estrela.



Os carretos spincast foram criados pela ZEBCO em 1949, visando principalmente a resolução dos problemas dos carretos de spinning e de casting que são, respectivamente, a torção de linha e as cabeleiras . Estes carretos podem ser adaptados aos dois tipos de cana referidos (sendo os adaptáveis a canas de spinning chamados underspin) consistindo essencialmente numa bobine fixa (como os carretos de spinning), um ou dois pickups simples e um recipiente de metal com a função de recolher a linha na bobine. Normalmente são pouco utilizados na Europa, sendo provavelmente, o carreto mais utilizado nos EUA por principiantes na pesca pela sua simplicidade e facilidade de operação. No entanto, armazenam menos linha do que os tipos acima indicados e, em resultado da fricção do "cone" de recolha com a linha, a distância de lançamento é menor que no caso dos carretos de spinning.

E depois disto, hein? O que é que vou usar, ò Mendes, perguntam voçês... Bom, eu começaria por um conjuntinho de spinning e explico porquê:
  1. Facilidade de aquisição: o que não falta aí são canas de 1,80m com boa acção e potência e carretos de spinning, o que evita a encomenda por catálogo ou internet. Grande parte das lojas de pesca em todo o país têm material de spinning que pode perfeitamente servir para se começar a pescar e a ter resultados;
  2. Facilidade de operação: não tem muitos truques, é só montar o carreto no suporte, abrir a asa do cesto e passar o fio por todos os passadores, montar o isco e lançar para onde se quiser. É só preciso ter atenção à torção do fio e verificar se este não está a passar para baixo da bobine.

O passo seguinte seria um conjuntinho de casting, para coisas um bocadinho mais, como dizer, musculadas, não é...Jigs, Carolinas....mas isto fica para depois...Pessoalmente, tenho três carretos de spinning e três carretos de casting:

Spinning

  • Daiwa Samurai 2500: comprei na Dacathlon e não estou arrependido. É um carreto leve, relativamente simples (gama média/baixa) com travão traseiro (+/- 30€);
  • Shimano Sahara 1000FA: bem bom, um bocado para o carote mas vale mesmo o dinheiro porque é um carreto extremamente equilibrado, leve e muito preciso (+/- 75€);
  • Grabenstein Sonar 2000: nem me perguntem onde é que eu desencantei isto, mas é o meu melhor carreto de spinning. Vai a todas, sejam as trutas de Villagudín sejam os achigãs do Alqueva, é equilibrado, leve, preciso e não foi assim tão caro (+/- 40€). Não consigo é encontrar mais...

Casting

  • Daiwa Cygnus 100Bil: mais um da Decathlon. Para carreto de casting de prinicpiantes não está nada mal, sendo simples de ajustar e relativamente suave no lançamento e recuperação. Não sei é porque são tão caros, acho que não justifica o preço (+/-35€);
  • Browning 300l: Foi o meu segundo carreto de casting e, apesar de ter todo o corpo em alumínio, é até bastante leve e confortável. Excepto para jerkbaits, spinnerbaits ou crankbaits: aí dá cabo de um gajo. Já não se fabricam...
  • AbuGarcia Ambassadeur EON: este carreto foi uma troca que eu fiz com o meu Pai: ele só utiliza carretos de casting com manivela à esquerda para pescar à superfície e eu troquei um Banax Tova 600i (o meu primeiro carreto de casting) por este que, segundo os americas, é do melhor que há. Grande treta: quero o meu Banax de volta!!!



Tuesday, January 2, 2007

Feliz 2007

Pois é, cá estou outra vez! Após um interregno de algumas semanas, volto em força para bombar mais uns posts neste grande Banho à minhoca! Aproveito ainda para desejar votos de Bom 2007 para todos os (cinco) leitores do blog, esperando que o ano que agora começa seja muito melhor do que o que acabou.
Pronto, já acabámos com as cenas abichanadas, vamos ao que interessa: conforme disse no último post, vou partilhar alguns pensamentos sobre o material que o pessoal tem de ter para se aventurar pateticamente na perseguição ao Bicho. Este primeiro será dedicado à canas.
Como o público-alvo deste blog é o segmento dos pescadores desportivos de água doce, não tem cabimento nenhum falar de redes, arpões ou mesmo de asticot de rastilho (bem, este se calhar tem cabimento, mas penso que é perigoso falar de explosivos na net e os "amaricanos" tão à coca...), daí que se fale do verdadeiro instrumento: a cana.


A figura acima mostra os dois tipos de cana mais utilizados na pesca ao achigã: casting (as 3 primeiras) e spinning (as 3 últimas), que se diferenciam principalmente por serem utilizadas em conjunto com carretos específicos (próximos posts, não percam!!!) e, principalmente, por terem acções diferentes que se adaptam a técnicas de pesca diferentes.
Um bom exemplo do que quero dizer é a acção da cana (vamos, lá: potência), normalmente dividida em UL (ultra-light), L (light), ML (medium-light), M (medium), MH (medium-heavy), H (heavy) e XH (extra-heavy), de acordo com o peso do isco que se utiliza e com o diâmetro do fio utilizado (por exemplo, uma cana de spinning ML é concebida para lançar iscos entre 1/8 oz (3,5 gramas) e 5/8 oz (17,5 gramas) numa linha entre 4 e 10 lbs de resistência, enquanto que uma cana de spinning MH é concebida para lançar iscos entre 1/4 oz (7 gramas) e 1 oz (28 gramas) em linhas entre 8 e 17 lbs de resistência).
Associado a esta característica está igualmente a ponteira que pode variar de lenta (slow) a ultra-rápida (extra-fast) e que indica o quanto uma cana é parabólica (uma cana com ponteira lenta quando tenta levantar um peso preso na linha dobra até ao meio, enquanto que uma cana com ponteira extra-rápida apenas dobra a secção superior da cana).
Para além das características acima indicadas (tipo, potência e acção de ponteira), outra das características essenciais de uma cana de achigãs é o seu tamanho. Mais uma vez, esta característica está associada ao tipo de pesca que se pertende fazer, variando tradicionalmente entre os 5' (1,5 metros) e os 8' (2,4 metros). É necessário advertir os estimados leitores que, por muito boa vontade que se tenha, uma cana de 2,4 metros não dá jeito a um tipo de 1,60 metros a pescar de margem no meio de um emaranhado de silvas, azinheiras e estevas, só sendo utilizada pelos nossos amigos americanos que pescam de barco e mesmo estes só com mais de 1,85 é que se aventuram na utilização de um varapau desse tamanho. Siga.
No que diz respeito ao material de contrução, o corpo da cana (blank) é normalmente de grafite laminada com alta densidade de módulos, contribuindo para a sua sensibilidade e leveza (o povo passa o dia a mandar pra lá e a puxar pra cá e necessita de uma coisa levezita senão fica com o braço feito em papa), guias de fio normalmente de um composto semelhante à porcelana resistente à abrasão ou mesmo em titânio (a minha Fenwick, por exemplo), um porta-carretos de PVC ou outro tipo de material plástico e pegas, que podem ser de cortiça ou de uma espécie de espuma de borracha. Com a evolução dos iscos e das formas de pesca, muitas companhias fabricantes de canas utilizam uma mistura de grafite de alta densidade e fibra de vidro para determinadas canas específicas para iscos vibratórios (crankbaits e spinnerbaits), ou seja, menos sensíveis que só grafite mas mais "user friendly" para quem pesca porque potenciam as vibrações do isco sendo mais leves que canas só de fibra de vidro.
Agora, a parte mais engraçada: o preço. As canas de pesca específicas para o achigã podem variar entre os 25/30 dólares e uns fantásticos 400 doláres e aqui, meus amigos, tem-se o que se pagou: como quase tudo na vida, as coisas melhores são as mais caras e, parecendo que não, quando a pesca está difícil, a vantagem vem quase sempre do material: a cana que é mais sensível e tem melhor acção, o carreto que lança na perfeição uma e outra vez, a linha que não se enrola e por aí fora. Neste aspecto, é uma questão de opção pura e simples: será que compensa gastar 300€ numa cana para só pescar 4 vezes por ano? Cada um sabe de si, mas a oferta é vastíssima (basta seguir alguns dos links ao lado para confirmar o que digo) e é possível comprar material muito bom sem ter de assaltar uma carrinha de valores. Eu, por exemplo, só tenho 6 canas, três de spinning e três de casting, todas com diferentes características e mais ou menos adequadas a diferentes técnicas de pesca: por exemplo, com a minha Bionic Blade da BPS (6'6", MH, casting) pesco iscos de vinil com mais de 10 g (texas, carolina) e jig's, enquanto que com a minha cana Abu Gacia Conolon (6'6", MH, spinning) pesco essencialmente técnicas mais ligeiras com iscos inferiores a 10 g. Comigo funciona. Digam de vossa justiça.
Até à próxima.